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Diabetes tipo 1 e Exercício Físico


Abreviaturas

GEDIP – Grupo de Educadores em Diabetes Infantil de Portugal

Diabetes Tipo 1

A diabetes mellitus tipo 1 é uma doença crónica sendo a perturbação do metabolismo mais frequente em idade pediátrica. A diabetes tipo 1 relaciona-se com a falta de produção de insulina pelo pâncreas e a hiperglicemia é o indicador a ter em conta para a realização do diagnóstico e ajustamento da terapêutica (Ordem dos enfermeiros, 2010).

Embora a etiologia da diabetes tipo 1 ainda não esteja completamente identificada, vários são os fatores que poderão estar implicados, tais como: fatores genéticos, infeções virais, doença auto-imune. O número de crianças e jovens com esta doença tem vindo a aumentar por todo o mundo.

Segundo a International Diabetes Federation, em 2015 existiam 542 mil crianças entre os 0 -14 anos e cerca de 86 mil novos casos por ano (International Diabetes Federation, 2015). Em Portugal no ano de 2015, a prevalência de diabetes tipo 1 era de 3327 entre os 0-19 anos, quanto à incidência no ano de 2015 foram registados 11,5 novos casos por cada 100.000 jovens entre os o-19 anos (Gardete-Correia, et.al, 2016).

Em 2015, foram, ainda, registados que 40% de crianças e jovens entre os 0-19 anos utilizam como tratamento da diabetes tipo 1, bombas infusoras de insulina, sendo que 31% estão atribuídas ao sexo feminino e 51% para o sexo masculino (Gardete-Correia, et.al, 2016).

Exercício físico

Entende-se por exercício qualquer atividade física planeada e estruturada que requer adaptações funcionais e morfológicas. Define-se por exercícios aeróbios movimentos contínuos repetidos de grandes grupos musculares com duração mínima 10 minutos, como, por exemplo, caminhadas, corrida, natação.

O treino de força, que se pode definir como anaeróbio, utiliza a força muscular para deslocar um peso contra resistência, tais como: exercícios com halteres ou aparelhos de musculação.

Para otimizar os benefícios do exercício físico a longo prazo dever-se-á praticar um conjunto misto de exercícios aeróbios e anaeróbios sempre com supervisão de técnicos com experiência na área em questão.

Durante o exercício físico há um aumento no consumo de oxigénio e glicose, especialmente ao nível da musculatura esquelética. Para dar resposta ao aumento de energia, o músculo utiliza as reservas de glicogénio libertadas pelo fígado. O cérebro e outros órgãos vitais necessitam que a glicemia se mantenha estável para preservar as suas funções durante esta prática. Fisiologicamente, há queda na insulinemia e o glucagon é necessário para produção hepática de glicose. No exercício prolongado, as elevações do glucagon e catecolaminas são essenciais para a estabilidade glicémica. Em indivíduos com insulina insuficiente/inexistente pode haver libertação excessiva destas hormonas contrarreguladoras da insulina, determinando hiperglicemia e até mesmo aumento da cetonemia. Por outro lado, a administração exógena de insulina pode atenuar ou mesmo impedir a necessária mobilização de glicose e outros substratos energéticos no exercício físico, causando hipoglicemia.

Exercício físico e Diabetes tipo 1

As crianças e jovens com diabetes tipo 1 podem e devem praticar atividade física regular.

O exercício na diabetes tipo 1 tem como principais vantagens (GEDIP):

  • aumenta a sensibilidade à insulina, pelo que pode reduzir as necessidades diárias desta hormona;

  • diminui o risco de doença cardiovascular;

  • ajuda a controlar o peso;

  • aumenta a sensação de bem-estar.

Para a prática do exercício físico com diabetes tipo 1 (no que respeita às múltiplas injeções diárias de insulina, bem como com sistema de perfusão subcutâneo contínuo de insulina) é necessário ter em atenção as regras a cumprir e algumas precauções, essas são personalizadas para cada criança/jovem e estipuladas no plano terapêutico pela equipa de saúde com treino na área da diabetes tipo 1, em cada consulta para uma adequada gestão da doença (Robertson; et.al, 2014).

Seguidamente focaremos algumas precauções gerais a ter conta na prática regular de exercício físico, mas reforçamos que cada criança/jovem terá as suas indicações específicas para o exercício e serão essas que deverão cumprir.

Precauções gerais:

A avaliação da glicemia deve ser sempre realizada antes da prática de exercício físico e, se observada uma glicemia superior a 250mg/dl, é prioritária a avaliação de corpos cetónicos. Antes de iniciar a atividade, a glicemia deve encontrar-se dentro do intervalo de segurança 90-250mg/dl (Riddell, s.d).

Se a atividade decorre durante as 2 horas de ação de insulina ultra rápida: deve reduzir-se 30 a 50% da dose e proceder do mesmo modo na dose da insulina ultra rápida da refeição seguinte.

Se a atividade decorre fora da ação da insulina ultra rápida, sugere-se o seguinte esquema:

A Avaliação de glicemia deve ser regular durante e depois da prática da atividade física (cada 30 a 45 minutos), ajustando as necessidades de ingestão de hidratos de carbono e a dose de insulina de acordo com o indicado pela equipa de saúde.

Deve ter em atenção…

O risco de hipoglicemia pode prolongar-se até 24 horas após a prática do exercício físico dependendo da intensidade, duração e tipo de exercício.

Deve ser efetuada a avaliação da glicemia à ceia/antes de dormir, devido ao risco de hipoglicemia nocturna.

Após a realização de exercício físico pode aparecer hiperglicemia transitória, que não necessita de administração de dose extra de insulina.

Referências bibliográficas

Ferreira, S; Vivolo, M. (s.d). Actividade física no Diabetes tipo 1 e 2: Bases fisiopatológicas, importância e orientação. Sociedade Brasileira de Diabetes.

Gardete-Correia, L., & et.al. (2016). Diabetes: factos e Números. Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes em Portugal. Sociedade Portuguesa de Diabetologia

Grupo de educadores em Diabetes infantil de Portugal (s.d). Agenda da D. Bayer.

International Diabetes Federation (2015). IDF Diabetes Atlas. Obtido em 8 de Fevereiro de 2017, de http://www.idf.org/atlasmap/atlasmap

Ordem dos enfermeiros. (2010). Regulamento de Competências Especificas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem. Lisboa.

Riddell, C Michael (s.d). Management of exercise for children and adolescents with type 1 diabetes mellitus.

Robertson K, Riddell MC, Guinhouya BC, Adolfsson P, Hanas R (2014). Exercise. ISPAD Clinical Practice Consensus Guidelines 2014 Compendium. Pediatric Diabetes

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