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  • Enf. Ana e Raquel

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), se a população mundial fosse fisicamente mais ativa poderiam ser evitadas cerca de quatro a cinco milhões de mortes por ano. Devido a estas diretrizes globais, os países conseguem desenvolver políticas nacionais de saúde suportadas no plano de ação global da OMS para a atividade física 2018-2030 (Programa Nacional Para a Promoção da Atividade Física, 2020).


A atividade física regular contribui de uma forma geral para o bem-estar geral mantendo um peso saudável. Esta tem também um papel preponderante na saúde mental, prevenindo a deterioração cognitiva e os sintomas de depressão e ansiedade, assim como, na prevenção e o controlo das doenças não transmissíveis, nomeadamente nas cardiovasculares, diabetes tipo 2 e alguns tipos de cancro. Segundo estimativas globais relativamente à atividade física, 27,5% dos adultos e 81% dos adolescentes não cumprem as recomendações da OMS de 2010. Destes dados é possível verificar que, na maioria dos países, o género feminino é menos ativo do que o género masculino, existem diferenças significativas nos diferentes grupos económicos, e entre países e regiões (Programa Nacional Para a Promoção da Atividade Física, 2020).


Assim a OMS, no final de 2020, produziu novas recomendações para o combate ao comportamento sedentário e promoção da atividade física, sendo estas inseridas no Programa Nacional de Promoção da Atividade Física (PNPAF-DGS). As recomendações são individualizadas e têm em conta a faixa etária e as condicionantes da pessoa, nomeadamente para crianças e adolescentes (5 a 17 anos), adultos (18 a 64 anos), idosos (65 anos ou mais), mulheres grávidas e no pós-parto, adultos e idosos com doenças crónicas (18 anos ou mais), crianças e adolescentes (5 a 17 anos) com deficiência e adultos (18 ou mais) com deficiência, salientando a importância de cada movimento (Programa Nacional Para a Promoção da Atividade Física, 2020).


Deste documento salientam-se como mensagens principais que:


A atividade física é boa para o coração, o corpo e a mente. Como já foi referido a atividade física regular pode ajudar a prevenir e controlar doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e algumas situações de cancro. Por também reduzir os sintomas de depressão e ansiedade melhorando o funcionamento cognitivo e o bem-estar em geral.


Qualquer quantidade de atividade física é melhor do que nenhuma, e quanto mais melhor. De forma a manter a saúde e bem-estar, a OMS recomenda para os adultos, pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física aeróbia de intensidade moderada (ou atividade física vigorosa equivalente) por semana. Para as crianças e adolescentes é recomendada uma média de 60 minutos por dia de atividade física moderada.


Toda a atividade física conta. A realização da atividade física pode ser integrada em qualquer situação diária da vida de cada um, seja como parte integrante do trabalho, desporto e lazer ou transporte (caminhar, patinar e pedalar), bem como nas tarefas domésticas.


O fortalecimento muscular beneficia todas as pessoas. Tendo como objetivo a melhoria da saúde e a prevenção de quedas, os idosos (65 anos ou mais) devem acrescentar atividades físicas que promovam o equilíbrio e a coordenação, bem como o fortalecimento muscular.


Demasiado comportamento sedentário pode ser prejudicial à saúde. O sedentarismo leva, como já foi referido, ao aumento de doenças não transmissíveis. Pelo que, reduzir o comportamento sedentário, sendo fisicamente ativo, permite contribuir para a sua saúde.


Todas as pessoas podem beneficiar com o aumento da atividade física e redução do comportamento sedentário. A realização de atividade física regular beneficia em todas as faixas etárias e situações de limitação, sejam elas, doenças crónicas ou deficiências. As mulheres em situação de gravidez e pós-parto devem também realizá-la (Programa Nacional Para a Promoção da Atividade Física, 2020).

Assim é importante referir que todo o movimento conta, pois, atividades de intensidade moderada aumentam a sua frequência cardíaca e respiratória, e as atividades de intensidade vigorosa aumentam ainda mais a força e a velocidade da respiração. Existem muitas formas de fortalecer os seus músculos, seja em casa ou num ginásio, o importante é mexer-se (Programa Nacional Para a Promoção da Atividade Física, 2020).



Bibliografia:

Programa Nacional Para a Promoção da Atividade Física (2020). Recomendações da OMS para atividade física e comportamento sedentário: Resumo. Direção Geral de Saúde

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera inquestionável que o cancro é um problema de saúde pública mundial, especialmente entre os países em desenvolvimento, sendo estimados 20 milhões de casos novos para 2025. Há cinco anos a estimativa foi de uma incidência de 14 milhões de casos e 60% ocorreram em países em desenvolvimento. Para a mortalidade, dos 8 milhões de óbitos previstos, 70% ocorreram nesses mesmos países (World Cancer Research Fund 2018).


Em 2010, a Organização Mundial de Saúde (OMS) identificava a inatividade física como o 4º fator contribuinte para a mortalidade global, responsável por 6% das mortes, apenas precedida pela hipertensão arterial, tabagismo e hiperglicemia (Joaquim, 2020).

De acordo com o Programa Nacional de Promoção da Atividade Física, considerando estes fatores, estima-se que, em Portugal, a inatividade física seja responsável por: 14% dos casos de cancro da mama; 15% de cancro colorretal (Direção Geral de saúde (DGS), 2017)


Atividade física: movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resultam em gasto energético. Pode ser ligeira, moderada e vigorosa.

A Inactividade física é reconhecida actualmente como um dos fatores de risco nesta doença (Joaquim, 2020).

Segundo a Frame work publicada em 2001 a experiência do cancro divide-se em 2 fases pré-diagnóstico (pré-rastreio e de rastreio/diagnóstico) e 4 fases pós-diagnóstico (pré-tratamento, tratamento, pós-tratamento e retorno), na qual era referida que a actividade física poderia ter impacto, nomeadamente na prevenção, pré-habilitação, tolerância aos tratamentos, reabilitação e paliação (Joaquim, 2020).



Fase pré-diagnóstica e prevenção:

As pessoas menos ativas têm maior probabilidade de ter as ditas doenças não transmissíveis, como a doença cardiovascular, a diabetes e o cancro. Em 2010, a OMS estimava que a inatividade física fosse a principal causa de 21 a 25% dos casos de cancro da mama e de cancro do cólon. (Joaquim, 2020). A evidência, desde então, tem aumentado pelo que, em 2018, a OMS atualizou a lista das neoplasias cujo risco parece aumentar com a inatividade física, passando a incluir, também, cancro da bexiga, do endométrio, esófago, rim e pulmão (Joaquim, 2020).


Neste ano, foi publicada a análise de 755459 indivíduos (dos EUA, Europa e Austrália), seguidos ao longo de vários anos. Neste estudo, confirmou-se que o cumprimento das recomendações da atividade física parece estar associado à redução do risco de algumas neoplasias (cancro da mama, cólon, endométrio, rim, mieloma, fígado e linfoma não Hodgkin (Joaquim, 2020).



Fase Pós-diagnóstica:

A medida mais utilizada é a aptidão cardiorrespiratória (ACR), avaliada pela prova de esforço. Esta avalia a função cardiovascular global. Sabe-se que diminuições da ACR estão relacionadas com maior ocorrência de toxicidades dos tratamentos, maior gravidade da fadiga e aumento da mortalidade geral.

Um programa de exercício físico destinado a aumentar a ACR antes das cirurgias permite recuperar a ACR para valores similares ao baseline após a recuperação pós-operatória (Joaquim, 2020).



Durante os tratamentos:

Durante a quimioterapia, também existe evidência robusta sobre os efeitos do exercício físico, nomeadamente de intensidade moderada-intensa e combinado (aeróbio e resistido), a nível da funcionalidade física e efeitos secundários da quimioterapia (Joaquim, 2020).

Um dos efeitos secundários que mais interesse tem suscitado é a cardiotoxicidade dos tratamentos médicos e/ou radioterapia do mediastino ou parede torácica. O exercício físico é uma medida terapêutica não farmacológica recomendada pela American Heart Association em 2019, bem como pela European Society of Medical Oncology. Contudo, a posologia dirigida a este efeito ainda não está definida.



Reabilitação Pós-tratamento:

Após o tratamento, são vários os problemas para os quais a evidência científica é forte o suficiente no que diz respeito à dose adequada. São eles: ansiedade, depressão, fadiga, qualidade de vida e funcionalidade física. Isto significa que existem referenciais já estabelecidos de exercício físico de

forma a atenuar estes problemas relacionados com o cancro e o seu tratamento. De acordo com as mesmas recomendações, do American College of Sports Medicine, também para o linfedema relacionado com o cancro da mama, a evidência é forte o suficiente para se considerar que, sob supervisão adequada, não existe risco de agravamento (Joaquim, 2020).




Doença Avançada:

A este nível, apesar de menos robusta, existe evidência suficiente para o exercício físico, tanto aeróbio como resistido, ser recomendado nos doentes com doença avançada com melhoria na funcionalidade, na fadiga e na qualidade de vida (Joaquim, 2020).









Considerações finais

No caso da doença oncológica, é uma medida terapêutica de suporte que, como referido antes, tem efeito benéfico em vários problemas dos doentes e sobreviventes oncológicos. Tal como os restantes tratamentos, é benéfica quando prescrito de forma adequada (Joaquim, 2020).


Assim, é importante referir que a prescrição do exercício físico deve ser realizada de acordo com os princípios FITT – frequência, intensidade, tipo e tempo. É a junção destes que permite atingir as doses adequadas (Joaquim, 2020).


A prescrição de exercício físico deverá ser encarada com a responsabilidade de outras prescrições, sejam de medicamentos ou de medidas. Deverá ser efetuada por profissionais com competência e que estejam enquadrados em equipas multidisciplinares, que tenham rede de suporte para resolver potenciais complicações (Joaquim, 2020).




Anexo




Autoras: Enfermeira Raquel Costa e Enfermeira Ana Peixeira




Referências bibliográficas:

Direcção Geral da Saúde (2017).O Custo da Inatividade física. https://www.sns.gov.pt/noticias/2017/02/13/prevencao-do-sedentarismo/.


Joaquim, Ana (2020). Exercício físico e Cancro. (Joaquim, 2020). https://pulmonale.pt/category/artigos-cientificos/


World Cancer Research Fund (2018). Physical Activity and the risk of cancer. https://www.wcrf.org/sites/default/files/Physical-activity.pdf

Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o vírus SARS-Cov-2 uma pandemia global. A atual pandemia de COVID-19 apresenta um inesperado desafio à saúde pública.

A transmissão do SARS-Cov-2 que ocorre principalmente a partir da disseminação respiratória de pessoa para pessoa (pessoas em contato próximo ou através de gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infetada tosse ou espirra) e em contato com pessoas contaminadas, superfícies ou objetos (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).


Condições clínicas como hipertensão, doenças respiratórias, cardiovasculares e metabólicas parecem ser importantes fatores de risco para a gravidade do COVID-19 (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).

Os estudos atuais apontam como grupos de risco potencial: idosos, adultos jovens, obesos, indivíduos com as comorbilidades descritas anteriormente, doenças crónicas com repercussão na parte hemodinâmica e imunológica (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).

A prática de exercícios físicos intervém como medida benéfica para a melhoria da imunidade na prevenção e tratamento complementar para doenças crónicas e infeções virais tais como o novo coronavírus. O efeito protetor do exercício físico no sistema imunológico é crucial para responder adequadamente à doença.


A realização de exercícios físicos regulares de intensidade moderada a vigorosa, segundo as diretrizes do Colégio Americano de Medicina do Desporto irão: melhorar as respostas imunológicas às infeções; diminuir a inflamação crónica de baixo grau e melhorar os marcadores imunológicos e inflamatórios em vários estadios de doenças, incluindo neoplasias, HIV, doenças cardiovasculares, diabetes, comprometimento cognitivo e obesidade (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).


Dadas as preocupações com a crescente disseminação do COVID-19, é imperativo que as precauções de controle e segurança de infeções, assim como as recomendações adequadas para a prática de exercícios físicos sejam seguidas, com o principal objetivo de que a população se mantenha ativa principalmente através da realização de exercícios físicos (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).


Estudos indicaram que o exercício físico realizado com intensidade moderada tem efeitos positivos nas respostas do sistema imunológico contra infeções respiratórias de etiologia viral (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).


A inatividade física / sedentarismo está presente na sociedade há alguns anos e torna-se cada vez mais preocupante, tendo em conta que esta pandemia “obriga” a

que as pessoas se movimentem menos, estabelecendo o risco de aumento do sedentarismo.


O impacto de um estilo de vida sedentário pode ser menor para crianças e adultos jovens, mas muito mais decisivo para as populações de risco nas quais estão incluídos os idosos, com obesidade, diabetes, hipertensão, doença cardiovascular, histórico de tabagismo e doença pulmonar obstrutiva crônica (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).


Estudos revelam que nesta faixa etária (+de 65 anos) é urgente prescrições e recomendações mais precisas para garantir um programa de exercício físico apropriado, destinado a manter ou melhorar as principais componentes da aptidão física relacionadas com a saúde durante a pandemia de COVID-19, através da participação regular em exercícios aeróbicos de intensidade moderada, além de atividades de fortalecimento muscular, equilíbrio, coordenação e alongamentos (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).


Outro grupo de risco são as pessoas com síndrome metabólico, nesta população é sugerida com supervisão dos profissionais do exercício físico a realização de programas de reabilitação cardiorrespiratória obtidos através de exercícios aeróbios de intensidade moderada, provavelmente imunoprotetores em doentes infetados pelo SARS-CoV-2 (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).


Atualmente com o aumento global da pandemia, torna-se indispensável cumprir normas de controle e segurança de infeções, atendendo às orientações da organização Mundial de Saúde e no nosso país à Direção Geral de Saúde.


No entanto, o prolongamento do isolamento social pode intensificar comportamentos que levam ao sedentarismo e contribuem para ansiedade e depressão o que pode resultar num conjunto de condições crónicas de saúde. Desta forma é importante que a população seja esclarecida sobre a necessidade da redução do comportamento sedentário durante a pandemia (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).


O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estado Unidos da América, recomendam pelo menos 30 minutos de atividade física moderada todos os dias e / ou pelo menos 20 min de atividade física vigorosa a cada dois dias, além da prática de exercícios de fortalecimento regulares (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).

Estudos comprovados expandem os benefícios da prática regular da atividade física no reforço da função imune e na redução do risco, duração ou gravidade das infeções virais. Sendo assim, recomendam a prática habitual (cerca de 150 min por semana) de exercícios físicos de intensidade moderada para obter suporte imunológico ideal (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).


Com base em algumas evidências científicas indiretas, parece que a atividade física moderada pode ser recomendada como uma maneira não farmacológica, barata e viável de lidar com a infeção pelo COVID-19 (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).


Todavia os resultados de uma recente revisão sistemática evidenciaram que exercícios longos e intensos podem acarretar níveis mais altos de mediadores inflamatórios levando a um aumento do risco de lesões e inflamação crónica. No entanto, exercícios moderados ou vigorosos com períodos de descanso apropriados podem ser bastante benéficos para a otimização da função imunológica (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).


Sendo assim relativamente aos efeitos do exercício físico sobre infeções respiratórias virais as evidências apontam para os efeitos positivos da realização do exercício físico de forma apropriada e supervisionada com intensidade moderada nas respostas do sistema imunológico, o que poderá contribuir para a redução do risco de infeção nas pessoas (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).


Contudo importa salientar que devido ao tema em questão ser bastante recente, poucos estudos científicos foram ainda publicados sendo a maioria das evidências científicas preliminares e de baixa qualidade metodológica, as recomendações apresentadas estão sujeitas a mudanças conforme surjam novas evidências.


Bibliografia:

· Nogueira, José Carlos; Cortez, António Carlos Leal; Dantas, Estélio Henrique Martim (2020). Precauções e recomendações para a prática de exercício físico em face do COVID-19: uma revisão integrativa. DOI: 10.1590.

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