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Atividade Física e Gravidez


A gravidez é um processo fisiológico, vivenciado por muitos milhões de mulheres ao longo da história da humanidade. Este, faz parte de um momento do ciclo de vida da mulher em que se cruzam factores individuais, grupais e transgeracionais do ponto de vista físico, psicológico e cultural. Além disso deverá ser formulada como uma hipótese de intervenção que ultrapassa os ganhos relativos ao seu desfecho, nomeadamente na alteração de comportamentos que se estendem ao longo de todo o seu ciclo de vida, como por exemplo os hábitos de atividade física. (Direção geral de saúde, 2015)

Segundo a Direção Geral de Saúde, a prática de actividade física deve realizar-se pelo menos 30 minutos por dia em 5 dias semanais alternando com períodos de repouso. Esta entidade refere ainda que a atividade física melhora o tónus muscular, a força, a resistência e a postura da grávida tendo resultados bastante positivos na redução dos edemas, das lombalgias e obstipação (Direção geral de saúde, 2015).

As grávidas que anteriormente já praticavam atividade física poderão mantê-lo com moderação, desde que este não seja um desporto de contacto físico nem potencie traumatismos abdominais. Atividades com exercícios de aeróbica de baixo impacto são recomendadas quando não existe risco de parto prematuro. (Direção geral de saúde, 2015).

Estudos científicos efectuados revelaram uma significativa redução na média de ganho de peso em grávidas que praticam atividade física, sempre realizado de forma orientada. (Nascimento, 2014)

Relativamente ao trabalho de parto diminui o risco de lacerações de tipo I, reduz a duração do segundo estádio do trabalho de parto e diminui o risco de partos por cesariana (Kondo, 2016; Domenjoz, Kayser, & Boulvain, 2014; Barakat R., Pealaez, Lopez, Montejo, & Coteron, 2012).

Alguns autores têm demonstrado que a prática de atividade física durante a gravidez apresenta efeitos positivos no desenvolvimento placentar, favorecendo as trocas gasosas (Ferland, et al., 2013), melhoria no índice de Apgar (Batista, Chiara, Gugelmin, & Martins, 2003), efeito protetor contra macrossomias (Barakat, et al., 2016) e melhoria no desenvolvimento comportamental (Melzer, et al., 2010) após o nascimento.

No entanto, a maioria das mulheres não cumpre os níveis de atividade física recomendados antes e durante a gravidez (Joy, Mottola, & Chambliss, 2013).

É de extrema importância salientar a supervisão deste processo por uma equipa com formação multidisciplinar (enfermagem, fisioterapia, educação física, nutrição) permitindo assim uma avaliação global da saúde da mulher neste período específico de gravidez. (Nascimento, 2014).

Outros estudos revelaram ainda existir uma melhor aceitação corporal por parte da mulher grávida e maior sensação de bem-estar, enquanto outros demonstraram menor tempo de trabalho de parto e menos intervenções medicalizadas (Fonseca,2012)

Sendo assim a atividade física pode e deve ser recomendada em todas as grávidas saudáveis podendo promover inúmeros benefícios físicos e psicológicos na saúde da futura mãe, além de não haver evidência de sequelas adversas para o feto/bebé quando realizado de forma leve/moderada e supervisionada por profissionais da área da saúde/educação física. (Nascimento, 2014)

Referências bibliográficas

- Barakat, R., Cordero, Y., Coteron, J., Luaces, M., & Montejo, R. (2012). Exercise during pregnancy improves maternal glucose screen at 24-28 weeks: a randomised - 94 - controlled trial. Br J Sport Med Published, 46:656-661. Doi: 10.1136/bjsports2011-090009. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21948120

Batista, D., Chiara, V., Gugelmin, S., & Martins, P. (2003). Physical activity and pregnancy: non-atheletic pregnant women´s health and fetal growth. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., 151-157.

- Ferland, S., Bujold, E., Giguère, Y., Girard, M., Demers, S., & Forest, J.-C. (2013). Association Between Physical Activity in Early Pregnancy and Markers of Placental Growth and Function. Obstetrics, 787-792. Disponível em: https://www.jogc.com/article/S1701-2163(15)30834-3/fulltext

- Fonseca, C., Rocha, L (2012) “Gestação e atividade física: manutenção do programa de exercícios”, Revista Ciência e Movimento, Brasil, Editora Universa, 111-121

- Joy, E. A., Mottola, M. F., & Chambliss, H. (2013). Integrating Exercise Is Medicine® into the Care of Pregnant Women. Current Sports Medicine Reports, 245-247. Disponível em:

https://journals.lww.com/acsmcsmr/fulltext/2013/07000/Integrating_Exercise_Is_Medicine__into_the_Care_of. 11.aspx J

- Melzer, K., Shutz, Y., Soehnchen, N., Othenin-Girard, V., Tejada, B. M., Irion, O., . . . Kayser, B. (2010). Effects of recommended levels of physical activity on pregnancy outcomes. American Journal of Obstetrics and Gynecology, 266.e1- 266.e6. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20022583

- Nascimento, S., et al (2014) “Recomendações para a prática de exercício físico na gravidez: uma revisão crítica da literatura”, Revista Ginecol. Obstet., Brasil, 423-431

- DGS (2015), “Programa Nacional para a Vigilância da Gravidez de Baixo Risco”, Direção Geral de Saúde, Lisboa, 55-56


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