Atividade Física e Covid-19
Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o vírus SARS-Cov-2 uma pandemia global. A atual pandemia de COVID-19 apresenta um inesperado desafio à saúde pública.
A transmissão do SARS-Cov-2 que ocorre principalmente a partir da disseminação respiratória de pessoa para pessoa (pessoas em contato próximo ou através de gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infetada tosse ou espirra) e em contato com pessoas contaminadas, superfícies ou objetos (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
Condições clínicas como hipertensão, doenças respiratórias, cardiovasculares e metabólicas parecem ser importantes fatores de risco para a gravidade do COVID-19 (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
Os estudos atuais apontam como grupos de risco potencial: idosos, adultos jovens, obesos, indivíduos com as comorbilidades descritas anteriormente, doenças crónicas com repercussão na parte hemodinâmica e imunológica (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
A prática de exercícios físicos intervém como medida benéfica para a melhoria da imunidade na prevenção e tratamento complementar para doenças crónicas e infeções virais tais como o novo coronavírus. O efeito protetor do exercício físico no sistema imunológico é crucial para responder adequadamente à doença.
A realização de exercícios físicos regulares de intensidade moderada a vigorosa, segundo as diretrizes do Colégio Americano de Medicina do Desporto irão: melhorar as respostas imunológicas às infeções; diminuir a inflamação crónica de baixo grau e melhorar os marcadores imunológicos e inflamatórios em vários estadios de doenças, incluindo neoplasias, HIV, doenças cardiovasculares, diabetes, comprometimento cognitivo e obesidade (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
Dadas as preocupações com a crescente disseminação do COVID-19, é imperativo que as precauções de controle e segurança de infeções, assim como as recomendações adequadas para a prática de exercícios físicos sejam seguidas, com o principal objetivo de que a população se mantenha ativa principalmente através da realização de exercícios físicos (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
Estudos indicaram que o exercício físico realizado com intensidade moderada tem efeitos positivos nas respostas do sistema imunológico contra infeções respiratórias de etiologia viral (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
A inatividade física / sedentarismo está presente na sociedade há alguns anos e torna-se cada vez mais preocupante, tendo em conta que esta pandemia “obriga” a
que as pessoas se movimentem menos, estabelecendo o risco de aumento do sedentarismo.
O impacto de um estilo de vida sedentário pode ser menor para crianças e adultos jovens, mas muito mais decisivo para as populações de risco nas quais estão incluídos os idosos, com obesidade, diabetes, hipertensão, doença cardiovascular, histórico de tabagismo e doença pulmonar obstrutiva crônica (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
Estudos revelam que nesta faixa etária (+de 65 anos) é urgente prescrições e recomendações mais precisas para garantir um programa de exercício físico apropriado, destinado a manter ou melhorar as principais componentes da aptidão física relacionadas com a saúde durante a pandemia de COVID-19, através da participação regular em exercícios aeróbicos de intensidade moderada, além de atividades de fortalecimento muscular, equilíbrio, coordenação e alongamentos (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
Outro grupo de risco são as pessoas com síndrome metabólico, nesta população é sugerida com supervisão dos profissionais do exercício físico a realização de programas de reabilitação cardiorrespiratória obtidos através de exercícios aeróbios de intensidade moderada, provavelmente imunoprotetores em doentes infetados pelo SARS-CoV-2 (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
Atualmente com o aumento global da pandemia, torna-se indispensável cumprir normas de controle e segurança de infeções, atendendo às orientações da organização Mundial de Saúde e no nosso país à Direção Geral de Saúde.
No entanto, o prolongamento do isolamento social pode intensificar comportamentos que levam ao sedentarismo e contribuem para ansiedade e depressão o que pode resultar num conjunto de condições crónicas de saúde. Desta forma é importante que a população seja esclarecida sobre a necessidade da redução do comportamento sedentário durante a pandemia (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estado Unidos da América, recomendam pelo menos 30 minutos de atividade física moderada todos os dias e / ou pelo menos 20 min de atividade física vigorosa a cada dois dias, além da prática de exercícios de fortalecimento regulares (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
Estudos comprovados expandem os benefícios da prática regular da atividade física no reforço da função imune e na redução do risco, duração ou gravidade das infeções virais. Sendo assim, recomendam a prática habitual (cerca de 150 min por semana) de exercícios físicos de intensidade moderada para obter suporte imunológico ideal (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
Com base em algumas evidências científicas indiretas, parece que a atividade física moderada pode ser recomendada como uma maneira não farmacológica, barata e viável de lidar com a infeção pelo COVID-19 (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
Todavia os resultados de uma recente revisão sistemática evidenciaram que exercícios longos e intensos podem acarretar níveis mais altos de mediadores inflamatórios levando a um aumento do risco de lesões e inflamação crónica. No entanto, exercícios moderados ou vigorosos com períodos de descanso apropriados podem ser bastante benéficos para a otimização da função imunológica (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
Sendo assim relativamente aos efeitos do exercício físico sobre infeções respiratórias virais as evidências apontam para os efeitos positivos da realização do exercício físico de forma apropriada e supervisionada com intensidade moderada nas respostas do sistema imunológico, o que poderá contribuir para a redução do risco de infeção nas pessoas (Nogueira, Cortez, Dantas, 2020).
Contudo importa salientar que devido ao tema em questão ser bastante recente, poucos estudos científicos foram ainda publicados sendo a maioria das evidências científicas preliminares e de baixa qualidade metodológica, as recomendações apresentadas estão sujeitas a mudanças conforme surjam novas evidências.
Bibliografia:
· Nogueira, José Carlos; Cortez, António Carlos Leal; Dantas, Estélio Henrique Martim (2020). Precauções e recomendações para a prática de exercício físico em face do COVID-19: uma revisão integrativa. DOI: 10.1590.
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