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COVID-19: Alimentação e Atividade Física

Principais resultados do inquérito sobre alimentação e atividade física em contexto de contenção social – Covid 19


Dada a situação pandémica vivida e a necessidade de confinamento social, a DGS (Direção Geral de Saúde) efetuou um estudo com o objetivo de identificar os comportamentos alimentares e de atividade física dos portugueses durante este período de confinamento.

Este estudo, foi realizado através da recolha de dados (de inquérito online e telefónico) entre os dias 9 de abril e 4 de maio, tendo como amostra 5874 indivíduos com idades a partir de 16 anos que se encontravam em confinamento.

Numa perspetiva geral os resultados deste estudo demonstraram uma diminuição da atividade física, quanto a alimentação denotou-se um aumento do consumo de snacks doces, mas também de fruta e hortícolas (DGS, 2020).



Constatou-se que relativamente à prática de atividade física, 60,9% da população refere ser pouco ativo, 22,6% é moderadamente ativa e 16,5% refere ser ativo. Comparando estes resultados a estudos anteriores ao período de confinamento comprova-se que ocorreu:

· Um aumento considerável da prevalência (praticamente duplicou) de pessoas com baixa frequência da prática de atividade física;

· Uma diminuição da prevalência de pessoas com prática frequente de atividade física (DGS, 2020);

Tendo em conta os resultados obtidos, a prática de atividade física parece ser influenciada pelo tempo de duração do confinamento, denotando-se uma diferença entre homens e mulheres:

· Nos homens nota-se uma diminuição desta prática à medida que o tempo de confinamento aumentou;

· Nas mulheres notou-se o contrário, um aumento da sua prática com o aumento do tempo de confinamento (DGS, 2020).

No geral mais de metade dos inquiridos no estudo refere ter reduzido a prática de atividade física.

Neste estudo foram também questionados quanto aos motivos pelos quais praticaram atividade física durante o confinamento em que os principais foram,

os ganhos em saúde (60,9%), gestão do stress (55,1%) e evitar aumento do peso (35,1%) (DGS, 2020).



As principais atividades escolhidas para esta prática, neste período, foram a caminhada, atividades de fitness, mais praticadas por mulheres, treino de força e corrida mais praticadas pelos homens. As mulheres referiram ainda a prática de atividades não estruturadas, nomeadamente, as tarefas domésticas e o subir/descer escadas (DGS, 2020).

Questionados quanto a comportamentos sedentários, verificou-se que 38,9% dos inquiridos referem ter este tipo de comportamentos em mais de 7 horas do dia. No entanto, foi também verificada diferença entre os géneros pois a percentagem de homens (36,4%) que têm comportamentos sedentários mais do que 7 horas por dia é menor que a das mulheres (41,8%). As principais atividades, que ocupam a população nestes períodos sedentários são, ver televisão e no computador, tablet ou telemóvel. Cerca de um terço refere ainda o teletrabalho e a leitura de livros (DGS, 2020).

Os hábitos alimentares também sofreram alterações com o decorrer do período de confinamento.

Ao realizar este estudo pressupõem-se que estas alterações se centram em 3 vertentes: a primeira relaciona-se com a alteração do estilo de vida da população pois, com o confinamento as pessoas viram restringidas as suas saídas de casa, alterados os seus horários de trabalho e as ruas rotinas de compras. Associa-se também ao stresse vivido e alterações do apetite e, numa terceira vertente, ao receio quanto à situação económica. Por outro lado, o medo de contrair a doença ou a relação entre a alimentação e a COVID-19, não tiveram forte influência na alteração do comportamento alimentar (DGS, 2020).



Quanto as alterações no consumo alimentar durante o período de confinamento, as pessoas inquiridas referiram um aumento no consumo de água (31,1%), Snacks doces (30,9%), frutas (29,7%) e hortícolas (21%) e uma redução no consumo de take-away (43,8%), refeições pré-preparadas (40,7%), refrigerantes (32,8%) e bebidas alcoólicas (28,2%) (DGS, 2020).

Os inquiridos também referiram alterações quanto aos comportamentos relacionados com a alimentação, nomeadamente, o número de idas as compras, passaram a cozinhar mais, aumentaram o número de lanches e a um aumento das refeições diárias (DGS, 2020).

Os homens s\ao os que mais aderem a um comportamento alimentar não saudável, essa tendência também se verifica nos mais jovens.

Falando em questões de insegurança alimentar e dificuldades económicas, foram as pessoas que têm maior insegurança e maiores dificuldades económicas que demonstram adotar comportamentos alimentares não saudáveis (DGS, 2020).

Quando questionados sobre o conhecimento das orientações da DGS face a alimentação, a maioria dos inquiridos referiu desconhece-las, tendo-se verificado que também estes são quem mais adota comportamentos alimentares não saudáveis (DGS, 2020).

Analisando em simultâneo a variável relacionada com as três áreas de estudo permitiu identificar dois grandes grupos de indicadores de risco e de proteção de saúde:


O primeiro grupo identificado é compatível com um padrão de risco indicando a ocorrência em simultâneo de níveis de atividade física baixos, o aumento do consumo de snacks salgados, refeições pré́-preparadas, refrigerantes e take-away com diminuição do consumo de frutas e hortícolas Este grupo desconhece as orientações da DGS sobre atividade física e alimentação saudável em contexto de isolamento social, têm uma situação financeira percecionada como difícil ou muito difícil, menor nível de escolaridade, bem como mais tempo em situação de confinamento social (5 semanas ou mais) (DGS, 2020).

O segundo grupo é compatível com um padrão protetor da saúde, em que níveis mais elevados de atividade física tendem a relacionar-se com outros elementos de potenciadores de saúde como o não aumento do consumo de snacks e refeições pré́-preparadas, o acesso às orientações de atividade física e alimentação saudável em contexto de isolamento social, a perceção de uma boa situação financeira, maior nível de escolaridade (12a ou universitário), ser mais jovem e estar há́ menos tempo em situação de confinamento social (DGS, 2020).


Enf. Ana Filipa Peixeira

Enf. Raquel Costa

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